Sobre escolhas

Não tinha como ter postado antes devido a confusão dos meus próprios sentimentos e pensamentos. Desde que deixei BH rumo as “férias” no Rio de Janeiro, deixei também uma realidade que vivia há quase três anos, amigos de mais de dois anos, rotina previsível de anos e por ai vai. Cada ano novo eu já sabia o que faria no outro ano, este ano novo, foi diferente.

Não foi fácil, o ócio pode fazer mal se em excesso. Ter 23 anos, estar formada, pós-graduada e sofrer a pressão “e ai o que vai fazer da sua vida?” não é brincadeira. Principalmente quando se esta na fila de espera, principalmente quando na sua cabeça paira a seguinte frase “não faço a mínima idéia do que isso vai dar”.

Não existe faculdade mais, você não é um estudante e sim um profissional. Você é adulto (não que não fosse antes, mas é um adulto diferente). Não tem seu próprio dinheiro. É a sensação mais bizarra que eu poderia ter vivido. Caos do estar no limbo ou no triangulo das bermudas, ou no mundo branco, seja lá como chamamos este estágio.

É como estar no escuro e não saber que história vai se viver, ver o borrão colorido de oportunidades a sua volta e não saber qual delas é a sua.

Meu primeiro pensamento de 2011 foi: “Ano misterioso, o que me reserva?”, sem expectativa. A única seria: que seja um ano especial, inusitado e inesquecível.

Falo agora do ato de se fazer escolhas, porque querendo ou não, a única pessoa capaz de dar a 2011 o que eu espero de 2011 sou eu mesma e as minhas escolhas. Graças a deus tenho pessoas maravilhosas ao meu lado que volta e meia sopram palavras que nem parece proferidas por elas, mas sinais dos anjos.

Percebi algumas coisas sobre escolhas, fazê-las a partir de uma projeção e de uma expectativa, soou como um erro pra mim (neste meu estágio da vida), da medo de não se concretizar e o sofrimento seria insuportável.

Expectativa pode não ser suprida pois muitas vezes não depende de você, uma projeção pode ser meramente uma fantasia, uma ilusão. Tudo isso não há como prever e a frustação pode ser muito grande pois sonhou-se aquilo que não podia sonhar.

Qual a capacidade de alguém viver uma série de frustações?

Muito amor pelo resultado do impacto que você ainda precisa gerar, adorar a linha de chegada e não o caminho até ela. Percebi que minhas escolhas poderiam ser assim, de fantasias que eu crio, de sonhos desenhados. Mas quando uma fantasia não se torna realidade?

Pra que precisar se convencer, criar razões pra fazer uma escolha, porque tem-se um desejo tão profundo de algo que- você faria tudo pra receber. Ou melhor, quase tudo, pois desta vez pode ser diferente... Pode?

Eu percebi que eu estava prestes a fazer uma escolha, e a talvez cometer o mesmo erro que já cometi, que na verdade eu confesso que não vejo inteiramente como erro, mas como algo mágico e necessário, uma experiência importante e um aprendizado único, mas algo que simplesmente não precisa se repetir.

Desta vez a escolha é a partir daquilo que se quer pra si, completamente centrado no EU, a expectativa depende de mim mesma e de mais ninguém e a projeção sou eu mesmo no fim de 2011 apenas feliz pelo ano que dediquei a mim mesma. Tudo no sentido presente, porque não há expectativa que não seja o próprio presente.

O futuro da escolha é tão obscuro, misterioso e diferente que nem a mente mais criativa do mundo poderia criar a fantasia daquilo que se escolheu.

Intercâmbio.

A escolha é ir para a tão desconhecida-por-mim-China, trabalhar em uma multinacional, na área de comunicação, fazendo aquilo o que sei e que gosto de fazer e não faço há um bom tempo.

Oráculo do pão me disse desta vez...

Desapego

“Soltar. Entregar. Deixar ir. Deixar partir. Fluir. Viver no presente. Sem o peso do passado, sem expectativas para o futuro. Saber da nossa finitude. Saber que somos passageiros. Sem posses. Sem medo. Sem culpas.”

AIESEC, obrigada.

Mas eu vou te entregar, sem posses medo ou culpas. Mesmo que escrever isso me faça ter lágrimas nos olhos. Eu preciso ir, por mim...